DISSERTAÇÕES

Nesta seção, você encontra uma seleção de publicações acadêmicas com temáticas em torno das questões entre arte e raça. Ao clicar, redirecionamos você para os sites de origem de cada uma delas.

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Arte popular brasileira na contemporaneidade através da obra de Zé Pretinho

Liliane Alfonso Pereira de Carvalho

Universidade Presbiteriana Mackenzie

DISSERTAÇÕES

2016

Palavras-chave: Arte popular, Arte brasileira, Cultura contemporaneidade, Zé Pretinho

A Arte Popular Brasileira, do mesmo modo que qualquer outra manifestação artística, passou por modificações. Este fato deu-se por diversas influências: ambientais, sociais, culturais, políticas e até mesmo pela disponibilidade de novos materiais para a criação artística. Esta pesquisa consiste em apresentar, como a arte popular modificou-se ao longo do tempo e encontrou caminhos para sua adaptação, demonstrando a importância da Arte Popular Brasileira na contemporaneidade através das obras do artista conhecido como Zé Pretinho. Artista que cria a partir do que a sociedade descarta, transcendendo diretamente com sua história pessoal e questionando acontecimentos característicos de nossa época, expressando em sua poética, críticas políticas e sociais. As obras desenvolvidas por Zé Pretinho circulam entre o popular e a contemporâneo, tendo como principais características em sua produção o uso da escrita e bonecas industrializadas. Suas obras e processo de criação interferem no cotidiano urbano, sendo classificadas pelo próprio artista como: filosofia urbana. Zé Pretinho, nos convida a conhecer o mundo criado por ele, e através de seu trabalho reconhecemos nossa própria realidade.

Artistas do deslocamento: cinco estudos em arte contemporânea africana

Valdir Pierote Silva

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2019

Palavras-chave: Africanos, Arte, Arte africana, Arte contemporânea, Estética

Esta dissertação, de caráter ensaístico e cartográfico, acompanha dimensões da arte contemporânea africana a partir de estudo de cinco criadores do continente africano participantes do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, realizado na cidade de São Paulo, entre 2011 e 2018. O repertório composto evidencia desafios e possibilidades para a constituição de poéticas e sensibilidades extraocidentais, reunindo criações que expressam diversas formas de deslocamento e destacam a intensa circulação entre mundos como parte importante da assinatura africana. De modo polifônico, as produções de Dan Halter, Bouchra Khalili, Bianca Baldi, Michael MacGarry e Karo Akpokiere sublinham a complexidade dos universos estéticos de criações africanas, ao mesmo tempo que questionam prescrições sobre diferenças culturais, regimes de fronteiras e narrativas hegemônicas que impulsionam a captura das imaginações. Sinalizam um campo multifacetado, em plena ebulição e construção, que se desdobra na necessidade de pluralização de referenciais, a fim de desconstruir assimetrias de poder, gerando novas experiências políticas e estéticas.

Que “Afro” é esse no Afro Brasil? A concepção curatorial no Museu Afro Brasil – Parque Ibirapuera, São Paulo/SP

Carla Brito Sousa Ribeiro

Universidade Federal de Santa Catarina

DISSERTAÇÕES

2018

Palavras-chave: Museu Afro Brasil, imagem, afro-brasileiro, afroidentidade

Esta pesquisa se orientou pela abordagem etnográfica do Museu Afro Brasil, tendo em vista levantar aspectos que permitissem refletir sobre o conceito e as ideias de “afro” da instituição. O conceito, que norteia a concepção curatorial no Afro Brasil, se revelou como um imaginário próprio, composto pelo arranjo de objetos de toda a sorte de categorias, que junto a instalações e elementos de cenografia, comunicam o “afro” ao público de uma maneira aberta. O acompanhamento da rotina institucional também possibilitou perceber que este “afro” transcende a narrativa curatorial, pois é evidenciado na visão política dos colaboradores do Museu que atuam na comunicação com o público visitante, principalmente através de seus educadores. Remontar os
percursos, tanto do idealizador e realizador do Afro Brasil, Emanoel Araújo, quanto dos conceitos que fizeram parte da concepção do Museu no formato das exposições que o precederam, auxiliou a pensar a institucionalização do “afro” e os modos como essa noção vem sendo moldada atualmente através de um processo criativo conjunto.

Imaginação museal e prática curatorial: a curadoria quilombista do Museu de Arte Negra

Rodrigo Rafael Gonzaga

Universidade Federal de Minas Gerais

DISSERTAÇÕES

2022

Palavras-chave: Museu de Arte Negra, Museus de arte - Administração, Negros na arte, Arte brasileira - História

Esta dissertação versa sobre o processo de construção do Museu de Arte Negra, o MAN como ferramenta política e ideológica para afirmação de uma estética e identidade afro-brasileira, entre as décadas de 1950 e 1980, justamente em um período em que se formulava o campo da curadoria e dos museus de arte no país. A investigação traz luz para um debate contemporâneo e fundamental para a atualização dos estudos acadêmicos e para situar adequadamente a importância da produção cultural, intelectual e artística de pessoas negras, na disputa dos espaços e relações de poder, nos estudos sobre teoria, história e crítica de arte e sua recepção nos museus no contexto brasileiro. A pesquisa traz a imaginação museal e a prática curatorial de Abdias Nascimento como estratégias de enfrentamento aos apagamentos das experiências negras na arte brasileira. Lança foco para a sua atuação como museólogo e curador do MAN, em um momento de grande autonomização da arte moderna e de seu agente legitimador no sistema de arte brasileiro. O MAN é compreendido aqui como instituição que produziu um discurso sócio-histórico de memória, poder e resistência, sendo centro produtor de ressignificações e contranarrativas na história da arte.

Transgredir para educar: das “mulatas” de Di Cavalcanti às propostas pedagógicas engajadas e decoloniais

Mirella Aparecida dos Santos Maria

Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”

DISSERTAÇÕES

2018

Palavras-chave: Pedagogia engajada, pedagogia decolonial, mulheres negras, imaginário, representação

Por meio deste trabalho propõe-se uma análise pedagógica a partir das concepções engajada de bell hooks e decolonial de Catherine Walsh para a obra Mulatas (1927) do artista visual Di Cavalcanti. Além disso, complementa-se com visualidades positivas para a representação de mulheres negras nas artes visuais.

Territórios negros em Porto Alegre/RS (1800 – 1970): geografia histórica da presença negra no espaço urbano

Daniele Machado Vieira

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

DISSERTAÇÕES

2017

Palavras-chave: Cartografia, Geografia histórica, Porto Alegre (RS), Territórios negros, Transformações urbanas

A presença da população negra é conhecida na cidade de Porto Alegre/RS desde o período colonial. Contudo, ela não compõe as narrativas oficiais sobre a evolução da cidade, acarretando a invisibilização e o esquecimento dos espaços outrora ocupados pela população negra. Areal da Baronesa, Colônia Africana, Ilhota, Parque da Redenção e Bacia do Mont’Serrat são alguns destes territórios negros. O território negro é aqui concebido como espaço físico e simbólico configurado a partir da função (de habitação, trabalho, lazer etc.) e/ou de práticas culturais (como o batuque, o carnaval, a religiosidade etc.) exercidas por mulheres e homens negros, cuja significação é construída a partir da presença negra e/ou das atividades desenvolvidas por estes. Além disso, a falta de uma representação visual, por meio de mapas, faz com estes territórios acabem ficando soltos no espaço imaginado da cidade, isso quando sua presença não é apagada da representação que se tem sobre este espaço. Com o objetivo de elaborar uma cartografia dos espaços ocupados pela população negra na cidade ao longo dos tempos recorreu-se à análise histórico-geográfica, a partir do cruzamento de fontes diversas (jornais, documentos históricos, fotografias, crônicas, narrativas), conforme metodologia proposta pelo geógrafo Maurício de Abreu. Inicialmente localizados na área Central, os territórios negros foram sofrendo, ao longo do tempo, um paulatino deslocamento para as bordas da cidade. Verificou-se que o desmantelamento e deslocamento destes territórios está relacionado a momentos de profundas transformações do espaço urbano: i) início da modernização do espaço central (virada do século XIX para o XX); ii) remodelação do Centro (1924-1937); iii) grandes obras no entorno do Centro: canalização do Arroio Dilúvio e aterro da Praia de Belas (1941-1970). A construção de uma cartografia implica na atualização da memória que se tem sobre espaços outrora característicos da presença negra.

Cadernos de África: corporeidades e narrativas negras pelas vias das encruzilhadas

Leandro de Souza Rocha

Universidade Federal Fluminense

DISSERTAÇÕES

2020

Palavras-chave: Paulo Nazareth, Cadernos de África, Encruzilhada

Essa pesquisa tem por objetivo a reflexão teórica e crítica a respeito do projeto Cadernos de África, trabalho em processo do artista Paulo Nazareth. A análise explorou as relações entre corporeidades negras e narrativas visuais a partir de um exame de seus panfletos, cadernos de projeto, fotografias e vídeos que permitem interpretar os processos de criação de Paulo Nazareth como sujeito de arte e de sua produção narrativa fundamentada em caracteres oriundos das culturas africanas e afro-brasileiras. O posicionamento teórico e metodológico privilegia uma abordagem afro-referenciada e a noção de encruzilhada é elencada e desenvolvida como principal categoria de análise. Refletimos sobre a presença de elementos estruturantes de uma cosmovisão africana em Cadernos de África, sendo eles o tempo, a palavra, a ancestralidade e o mito como propriedades que orientam o trabalho do artista e que são ritualizados ao longo do seu percurso de criação. São esses também os elementos que dão ritmo à narrativa do trabalho.

Artistas do deslocamento: cinco estudos em arte contemporânea africana

Valdir Pierote Silva

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2019

Palavras-chave: Africanos, Arte, Arte africana, Arte contemporânea, Estética

Esta dissertação, de caráter ensaístico e cartográfico, acompanha dimensões da arte contemporânea africana a partir de estudo de cinco criadores do continente africano participantes do Festival de Arte Contemporânea Sesc_Videobrasil, realizado na cidade de São Paulo, entre 2011 e 2018. O repertório composto evidencia desafios e possibilidades para a constituição de poéticas e sensibilidades extraocidentais, reunindo criações que expressam diversas formas de deslocamento e destacam a intensa circulação entre mundos como parte importante da assinatura africana. De modo polifônico, as produções de Dan Halter, Bouchra Khalili, Bianca Baldi, Michael MacGarry e Karo Akpokiere sublinham a complexidade dos universos estéticos de criações africanas, ao mesmo tempo que questionam prescrições sobre diferenças culturais, regimes de fronteiras e narrativas hegemônicas que impulsionam a captura das imaginações. Sinalizam um campo multifacetado, em plena ebulição e construção, que se desdobra na necessidade de pluralização de referenciais, a fim de desconstruir assimetrias de poder, gerando novas experiências políticas e estéticas.

As três Igrejas dos Homens Pretos de São Paulo de Piratininga: gênese urbana e disputas territoriais

Fabricio Forganes Santos

Universidade Estadual Paulista

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2021

Palavras-chave: Igrejas das Irmandades dos Homens Pretos, Negros em São Paulo, Catolicismo negro, Territórios negros, História urbana

Este trabalho investiga a presença negra no urbanismo da cidade de São Paulo a partir de três Igrejas de Homens Pretos e seus referidos entornos: a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e Santa Efigênia e a Igreja de São Benedito, edificadas no núcleo histórico da vila de Piratininga nos tempos coloniais e transformadas em lugar da memória negra paulistana na Primeira República. Fundadas como dispositivo de controle da população preta paulistana, cujos números aumentaram a partir do século XVIII, as igrejas construídas ou ocupadas pelos membros das irmandades negras possibilitaram ao povo preto a demarcação de seus enclaves no plano urbano da cidade, estabelecendo uma territorialidade específica a partir da apropriação estratégica da religião católica. Tendo como metodologia a investigação em documentos textuais primários, o estudo da iconografia oitocentista e a análise da cartografia produzida no arco temporal de 1775 a 1916, este trabalho desenvolve uma nova narrativa acerca dos territórios negros da cidade de São Paulo, dando ênfase à relevância do lugar onde foram implantadas as Igrejas dos Homens Pretos e ao apagamento desta memória no urbanismo paulistano. Trazendo à luz as ações engendradas pelos poderes temporal e espiritual contra os lugares do catolicismo negro paulistano, todas elas concebidas como parte de um “projeto de nação” elaborado por uma sociedade recém-republicana, esta pesquisa revela os antecedentes históricos das disputas territoriais que podem ser consideradas a gênese do processo de expulsão dos negros das áreas mais valorizadas de São Paulo – o núcleo central urbano – para as bordas suburbanas da cidade.

A representação do corpo humano na arte Iorubá

Edmilson Quirino dos Reis

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2014

Palavras-chave: África, Arte Arte africana, corpo, História da arte, História da arte africana

A dissertação tem como objeto de pesquisa obras de arte tradicionais de origem africana do grupo étnico Iorubá onde se encontra representado o corpo humano. Busco elucidar as causas sociais, históricas, filosóficas que possibilitaram as produções escultóricas artísticas que apresentam geralmente formas antropóides.

Aparições e homens negros : masculinidades, racismo e a construção por meio do simbólico

Waleff Dias Caridade

Universidade de Brasília

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2021

Palavras-chave: Aparições, Cidade, Perspectiva afrocentrada e decolonial, Performance ART, Racismo

Essa dissertação tem como objetivo identificar similaridades nas aparições, conceito e prática elaborados pela artista sul-africana Lhola Amira, em que, problematiza desde a criação e exportação da conceituação e prática da performance art, e o processo psicoterapêutico clínico, conforme o diálogo da perspectiva afrocentrada e do pensamento decolonial. Por meio do encontro-conversa com os artistas Abiniel João Nascimento e Geovanni Lima (ES), e nossas produções poéticas individuais, a hipótese dessa pesquisa é que por meio dos símbolos apresentados por Exu: o tempo, a caminhada, o simbólico e os espaços, se identifica similares e rememora métodos perecíveis. Diferente do processo psicoterapêutico clínico, no qual, o sujeito é percebido de maneira individualizada e por um olhar treinado que embranquece as subjetividades negras, em contrapartida, as aparições propõem a partir de uma ótica de elaboração coletiva do trauma colonial, lidar com as feridas que sucedem desse sistema e resgatar formas de cuidado que não são acessíveis para todos/as, visto que, a cidade é utilizada como campo para causar atrito, violência e opressão cotidianamente a corpos de cores específicas e que são associados como inferiores.

A configuração da curadoria de arte afro-brasileira de Emanoel Araujo

Marcelo de Salete Souza

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2009

Palavras-chave: Cultura afro-brasileira, museologia, arte afro-brasileira, arte contemporânea, exposições de arte, artes plásticas, curadoria museológica

Este trabalho objetiva realizar um estudo sobre a curadoria de Emanoel Araujo, artista, colecionador e curador baiano. Focaremos compreender os interesses do curador em suas mostras sobre arte afro-brasileira. A atividade de Araujo acontece dentro do museu de arte e tem como objetivo último o ato expositivo. A sua maneira de ordenar as obras de arte no espaço cria uma narrativa sobre arte afro-brasileira que poucas vezes foi abordada dentro do museu. Perceber como é efetivada essa história, bem como quais são as consequências dela para a história da arte no Brasil, é uma tarefa urgente. O universo da exposição de Araujo, como um espaço privilegiado de debate e confronto, é de grande relevância para compreender como se efetiva a visualidade e representação do negro em toda a sociedade brasileira. Nesse sentido, a explanação sobre as principais exposições de Araujo no Brasil traz problemas e interrogações relevantes para se pensar a arte afro-brasileira e a arte brasileira como um todo. A curadoria da arte afro-brasileira de Araujo é ainda um campo de poucas abordagens acadêmicas. Pontuar como começou essa ação, como se efetivou e os seus desdobramentos dentro da história da arte é o nosso propósito.

Tornar-se imensurável: o mito negro brasileiro e as estéticas macumbeiras na clínica da efemeridade

Castiel Vitorino Brasileiro

Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2021

Palavras-chave: Exú, Encruzilhada, Efemeridade, Raça, Clínica, Cura

Este trabalho, que se situa na linha de pesquisa “Orientações Contemporâneas na Psicologia Clínica”, investiga os processos de racialização negra no contexto brasileiro (tornar-se negra/o). Tais processos são, aqui, caracterizados como uma mitologia moderna, diante da qual apresento modos de romper com os limites vitais que lhe são próprios, limites estes que, no Brasil, se organizam sob agendas raciais a partir da ideia de negritude e dos processos de enegrecimento. A partir de uma revisão bibliográfica e utilizando métodos cartográficos de pesquisa, recorro a fundamentos de civilizações Bantu – que, no Brasil, compõe sistemas filosóficos que organizam religiosidades como umbandas, cabulas, omoloko, reinados, quimbandas, candomblés –, para elaborar conceitos e movimentos como Estéticas Macumbeiras, Clínica da Efemeridade, cura, Memórias das Transfigurações. Exú, tomado aqui como conceito central, presentifica-se como bússola ética que nos mostra os caminhos de criação e sustentação naquilo que denomino de “Torna-se Imensurável”. O presente trabalho foi realizado com apoio da Fundação São Paulo – FUNDASP- São Paulo, Brasil.

Olhos D’Água, Cuerpos en el Mundo: La Literatura de Conceição Evaristo para la Reinvención de la Historia

Arthur Coutinho Gonçalves Bomfim

Universidade Complutense de Madrid

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2024

Palavras-chave: Literatura negro-brasileña, Conceição Evaristo, amefricanidad, cultura afrodiaspórica, estadio del espejo, psicoanálisis, memoria

Esta pesquisa propõe uma análise do conto Olhos D’Água, do livro homônimo escrito por Conceição Evaristo (2016). Grande expoente da literatura contemporânea brasileira, Evaristo demarca em suas obras as múltiplas questões sociais que afetam a população de origem afro-brasileira e, por meio de sua escrita, busca resgatar a valorização da cultura e da ancestralidade afrodiaspórica. O conto é constituído por uma narrativa intensamente marcada por um questionamento, que percorre vivências acentuadas pelas dimensões de raça, classe e gênero, sobre a cor esquecida dos olhos maternos da personagem narradora e protagonista. O texto evoca elementos que provocam um estreitamento entre a literatura negro-brasileira a uma memória ficcional, à mitologia yorubá e a uma perspectiva contra-hegemônica acerca da condição hitorico-social que atravessa as existências de mulheres negras no Brasil. Fragmentos do conto permitem uma análise repleta de correlações com a teoria psicoanalítica e uma elaboração social, histórica e cultural brasileira para pensar o contexto refletido na obra de Conceição Evaristo, sua poética e seu método de escrevivência. Para esse fim, serão abordados, nesta pesquisa, as contribuições teóricas de Lélia Gonzalez, de Rita Segato, de Sigmund Freud e de Jacques Lacan, além de uma série de pensadores da cultura, da história e da sociedade no Brasil.

Modernismos Africanos nas Bienais de São Paulo (1951-1961)

Luciara dos Santos Ribeiro

Universidade Federal de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2019

Palavras-chave: África, Bienal Internacional de São Paulo, Modernismos africanos, Arte Moderna, Arte Africana

Esta pesquisa tem por objetivo investigar a participação de delegações africanas naBienal de Artes de São Paulo durante o período de 1951 a 1961. Por meio dadocumentação localizada durante pesquisas no Acervo Histórico Wanda Svevo,verificamos que produtores e artistas africanos estiveram em diálogo com a mostradesde sua primeira edição. Com este estudo, pretende-se projetar um olhar para osmodernismos africanos que participaram da Bienal de São Paulo, tendo como foco a primeira década da mostra. Apresentam-se tais relações, a partir da documentaçãolocalizada, analisando e destacando alguns dos agentes que colaboraram para tais participações. Primeiramente, realiza-se um estudo da primeira Bienal e da sua relaçãocom os modernismos, com o colecionismo das artes africanas e com estudos dasmesmas. Um segundo momento dedica-se a analisar as participações dos dois primeiros países africanos a integrarem a mostra: a União Sul-Africana (África do Sul) e o Egito.Encerra-se com um estudo da VI Bienal e as suas relações com a geopolítica das artes eda história da África. Os resultados apresentados constituem um esforço de organizaruma leitura crítica do início da Bienal de São Paulo, por meio dos modernismosafricanos.

Imaginação museal e prática curatorial: a curadoria quilombista do Museu de Arte Negra

Rodrigo Rafael Gonzaga

Universidade Federal de Minas Gerais

DISSERTAÇÕES

2022

Palavras-chave: Museus de arte, arte afro-brasileira, curadoria, estética negra, Abdias Nascimento, história da arte afro-brasileira

Esta dissertação versa sobre o processo de construção do Museu de Arte Negra, o MAN como ferramenta política e ideológica para afirmação de uma estética e identidade afro-brasileira, entre as décadas de 1950 e 1980, justamente em um período em que se formulava o campo da curadoria e dos museus de arte no país. A investigação traz luz para um debate contemporâneo e fundamental para a atualização dos estudos acadêmicos e para situar adequadamente a importância da produção cultural, intelectual e artística de pessoas negras, na disputa dos espaços e relações de poder, nos estudos sobre teoria, história e crítica de arte e sua recepção nos museus no contexto brasileiro. A pesquisa traz a imaginação museal e a prática curatorial de Abdias Nascimento como estratégias de enfrentamento aos apagamentos das experiências negras na arte brasileira. Lança foco para a sua atuação como museólogo e curador do MAN, em um momento de grande autonomização da arte moderna e de seu agente legitimador no sistema de arte brasileiro. O MAN é compreendido aqui como instituição que produziu um discurso sócio-histórico de memória, poder e resistência, sendo centro produtor de ressignificações e contranarrativas na história da arte.

Acervos do Movimento Negro na cidade de São Paulo: um olhar para os registros da luta negra

Fernanda dos Anjos Casagrande

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2019

Palavras-chave: Acervos, Fundo Clóvis Moura, Imprensa Negra, Memória, Movimento Negro

Este trabalho dedica-se ao estudo de acervos relativos ao movimento negro na cidade de São Paulo, com a intenção de discutir a guarda e preservação de documentos referentes à luta negra a partir das especificidades da tipologia documental preservada em instituições de custódia, a saber: a coleção Jornais Negros Brasileiros – 1904-1969, pertencente ao Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo – IEB/ USP; a coleção Imprensa Negra, presente no Arquivo Público do Estado de São Paulo; e o Fundo Clóvis Moura sob a guarda do Centro de Documentação e Memória da Universidade Estadual Paulista – Cedem/ Unesp. Trata-se de uma abordagem descritiva e crítica, que pretende delinear o panorama das condições de acesso a documentos do movimento negro e perfazer a mediação aos acervos, analisando, de um lado, a constituição de fundos e coleções e, de outro, as políticas vigentes de guarda, preservação e acesso.

Construindo o (auto) exílio: trajetória de Abdias do Nascimento nos Estados Unidos, 1968-1981

Tulio Augusto Samuel Custodio

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2011

Palavras-chave: Abdias do Nascimento, Autoexílio, Autoimagem, Cultura negra, Pan-africanismo

A presente dissertação trata sobre a trajetória de Abdias do Nascimento durante o período de seu autoexílio nos Estados Unidos, entre 1968 e 1981. Na pesquisa, verificamos a hipótese que preconiza ser esse momento decisivo para mudança da autoimagem do autor, que sai do Brasil como artista e retorna como liderança do ativismo negro internacional. Investigamos os fatos e experiências do autor no período, passando pelas atividades, redes pessoais e sua participação em diversos congressos e seminários internacionais. A pesquisa é delineada em dois eixos: discurso e imagem. Discurso envolve a abordagem de Nascimento acerca de cultura negra e sua crítica à democracia racial, que articulariam uma interlocução com elementos conceituais transnacionais, presentes no discurso negro no âmbito internacional. Em relação à imagem, tentamos abordar como o autor, a partir de sua discurso ideológico e atuação, reconstrói sua autoimagem, projetando em seu retorno a posição de liderança negra do ativismo internacional e de pensador da diáspora. Para tanto, analisamos as obras artísticas e políticas do período, bem como elementos anteriores tratados pela literatura sociológica, para evidenciar as formas dessa reconstrução.

Ilê aiyê: interações entre arte, educação e cultura afro-brasileira

Daniele Santos Santana

Universidade de Brasília

DISSERTAÇÕES

2018

Palavras-chave: Negros, história, cultura Ilê Aiyê, Cultura afro-brasileira, Cultura africana

O presente estudo tem por objetivo investigar os projetos educacionais desenvolvidos pela Associação Cultural Bloco Carnavalesco Ilê Aiyê, tendo em vista entender a importância da valorização da cultura afro-brasileira na sala de aula e destacar as propostas pedagógicas apresentadas nos Cadernos de Educação que se consolidam como recurso pedagógico fundamental para o trabalho de professores e professoras que abordam as temáticas relacionadas à história e cultura africana e afro-brasileira. Precedentemente, apresenta-se um breve panorama do ensino de Arte no Brasil, o qual evidencia a tentativa de invisibilidade das culturas indígena e africana no campo educacional, a partir da colonização do país, e como as tendências educacionais do século XX propõem uma nova abordagem acerca do tema, através de propostas que visam a diversidade cultural na educação. O caminho percorrido envolve também uma pesquisa histórica da trajetória do bloco afro Ilê Aiyê, desde a sua criação, em 1974, na cidade de Salvador, Bahia, e sua consolidação enquanto instituição de ensino formal, com projetos de cunho pedagógico que culminou na criação do PEP (Projetos de Extensão Pedagógica), o qual engloba a Escola Mãe Hilda, a Banda Erê, a Escola Profissionalizante e os Cadernos de Educação do Ilê Aiyê. Estes últimos, resultado das atividades ligadas aos temas do carnaval apresentados pelo Ilê, são aqui apresentados em algumas edições e utilizados como recurso didático principal para o ensino da cultura africana e afro-brasileira em sala de aula, no contexto formal de educação, na realização de atividades artísticopedagógicas desenvolvidas com estudantes de uma escola pública, cursistas das últimas séries do ensino fundamental da educação básica. Foram realizados três encontros nos quais os temas propostos e ilustrações presentes nos Cadernos de Educação do Ilê Aiyê (volumes VII, X, XII, XVI, XVII e XXI) serviram de suporte para o desenvolvimento das atividades artístico-pedagógicas, que contaram com aulas expositivas, audição e interpretação de músicas do Ilê. Em paralelo, a investigação também analisa a relação entre as práticas propostas, via Cadernos de Educação, e as diretrizes e legislações curriculares que buscam assegurar a pluralidade cultural na educação básica, tais como os Temas Transversais, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação e a Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino da História e Cultura Afro-brasileira nas escolas. Como resultado da pesquisa, produções visuais realizadas pelo/as participantes e debates sobre os procedimentos realizados serviram de arcabouço para o desenvolvimento das interpretações de dados sobre as atividades propostas e as categorias de análise que envolvem o processo de ensino e aprendizagem e o ensino de Arte, tais como a educação afrocentrada e a representação do negro nas artes visuais.

O teatro experimental do negro -: estudo da personagem negra em duas peças encenadas (1947-1951)

Christian Fernando dos Santos Moura

Universidade Estadual Paulista

DISSERTAÇÕES

2008

Palavras-chave: Teatro brasileiro, Teatro experimental, Teatro - História - Brasil, Personagens - Negros, Teatro experimental do negro, Teatro negro no Brasil

Até a década de 1940, o negro no teatro brasileiro, mesmo quando em personagens de destaque, quase sempre foi retratado por meio de certas caricaturas ou estereótipos herdados do período da escravidão. Entre o final do século XIX e começo XX, as personagens negras aparecem muitas vezes representadas em figuras dramáticas femininas como a mulata bela e sensual (reboladeira e carnal, pernóstica ou faceira), a bá (ama-de-leite geralmente negra beiçuda e gorda, confidente, chorosa e prestativa), a baiana macumbeira (em especial a vendedora de quitandas, vestida com saia rodada, bata de renda, turbante, pano-da-costa, colares e balangandãs), a preta velha (africana idosa conhecedora de segredos); em personagens masculinos, como o negrinho espertalhão (agregado da casa-grande), o bobalhão (pouco inteligente; estúpido, ignorante, imbecil); o malandro (astuto, bon vivant); o pai João (na maioria das vezes negro velho, dócil, conformado e submisso). Nos idos de 1944, surge no Rio de Janeiro um grupo de teatro formado por atores negros propostos a problematizar e revisar a tradição cênica de representação da “raça” levando aos palcos textos ligados aos temas das culturas afro-brasileiras, aos conflitos raciais e ao estigma da cor negra. Trata-se do Teatro Experimental do Negro (TEN). A presente investigação visa compreender as propostas dramatúrgicas deste grupo para a construção da personagem negra, tendo como base os estudos de Anatol Rosenfeld, Antonio Candido, Décio de Almeida Prado (2000), Renata Pallottini (1989) e Sábato Magaldi (1962), e partindo da analise de duas específicas peças do repertório do TEN, que estão reunidas na coletânea Drama para negros e prólogo para brancos, publicada em 1961. São elas: O filho pródigo (1947), de Lúcio Cardoso e Sortilégio (1951), de Abdias do Nascimento.

Entre o visível e o oculto: a construção do conceito de arte afro-brasileira

Hélio Santos Menezes Neto

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2017

Palavras-chave: Arte afro-brasileira, Arte negra, Identidade negra, Museu Afro Brasil, Museu Afro-Brasileiro

Essa dissertação versa sobre a noção de arte afro-brasileira, tomando os principais estudos voltados à questão, exposições emblemáticas ao redor do tema e os contextos de fundação e expografia de duas instituições decisivas da área o Museu Afro-Brasileiro, em Salvador, e o Museu Afro Brasil, em São Paulo como meios privilegiados de acesso às disputas conceituais e políticas que a constituem. Subjaz ao entendimento geral do estudo que as dificuldades de conceituação dessa arte de muitos nomes negra, afrodescendente, afro-orientada, diaspórica, preta etc. e os distintos significados que lhe foram sendo atribuídos ao longo do século XX, se relacionam de maneira incerta, porém constante, com as ambiguidades que informam as relações raciais no Brasil. Os capítulos que compõem essa dissertação buscam se debruçar sobre esse mosaico de usos, interpretações e definições que dão corpo e sentido, ainda que instável, ao termo. Afinal, quando se faz ou se fala em arte afrobrasileira, do que se está falando e o que se está fazendo? Quando uma exposição ou museu são organizados em torno desse conceito, que critérios e entendimentos são por eles acionados e, por fim, também criados?

Lembrança de Nhô Tim

Tiago Gualberto Morais

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2018

Palavras-chave: Arte, ficção, memória, sistema da arte, terra

Este trabalho investiga as relações entre a exploração da terra realizada pela prática da mineração e estratégias de produção de memória a partir da proposta de um diálogo artístico na comunidade do bairro Resplendor, na cidade de Igarapé-MG. Esta região de recente urbanização destaca-se, especialmente, pelas transformações da paisagem em decorrência da proximidade com grandes empreendimentos: o centro de arte contemporânea Inhotim; a economia mineradora; a instalação de presídios (Bicas I e II) e a construção de conjuntos habitacionais populares. Partindo de uma série de intervenções nesta localidade realizada em 11 de setembro de 2016, a qual possui no objeto Lembrança de Nhô Tim seu eixo central, propus a elaboração desta publicação impressa de caráter ficcional reunindo registros audiovisuais, documentos, imagens de trabalhos artísticos e depoimentos desta experiência e seus desdobramentos ao longo deste curso de mestrado. Aspira-se ampliar as compreensões artísticas contemporâneas envoltas em práticas capazes de aglutinar aspectos envolvidos com o sistema da arte, o convívio comunitário e com a invenção de memórias.

A CONSTRUÇÃO DE UMA CATEGORIA ARTE AFROBRASILEIRA: UM ESTUDO DA TRAJETÓRIA ARTÍSTICA DE MESTRE DIDI

GABRIELA DA SILVA DEZIDÉRIO

UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

DISSERTAÇÕES

2015

Este trabalho possui como objetivo central refletir sobre a construção da categoria arte afrobrasileira enquanto fenômeno social em paralelo a construção da trajetória artística de um artista específico, Deoscoredes Maximiliano dos Santos, o Mestre Didi. E analisar a forma como se dá o processo de legitimação de artistas inseridos nesta categoria, e também como se configuram as relações destes artistas afro-brasileiros com o campo artístico brasileiro num sentido macro. Outro aspecto de interesse para este estudo é a particularidade da obra de Mestre Didi, que mescla arte e religião, tendo o próprio artista exercido plenamente os papéis de artista e sacerdote, e que o levou a fazer desta interseção de campos sua poética. Refletir sobre como o aspecto religioso que permeia toda a sua produção artística vai influenciar nestas relações então mencionadas é também um dos propósitos deste trabalho. Para isto será
traçado um breve panorama histórico da arte afro-brasileira em paralelo a análise de dados biográficos do artista em questão, considerando sua trajetória artística e pessoal, assim como dados de sua genealogia que auxiliem na compreensão da constituição deste universo mítico representado em suas obras. Em última instância propõe-se uma análise sucinta de sua obra.

Carybé: uma construção da imagética do candomblé baiano

Marcelo Mendes Chaves

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2012

Palavras-chave: Carybé, arte afro-brasileira, sincretismo, candomblé

A presente dissertação trata da plástica de Carybé, especificamente em suas ilustrações e produções gráficas, no período compreendido entre 1950 e 1980. A pesquisa desenvolvida sobre essa temática considera a mitologia e a ritualística de origem negro-africana iorubá como uma das poéticas do artista, aproxima sua imagética, em diferentes momentos, à manifestação do sistema religioso do candomblé Queto por uma maior visibilidade e inclusão social e procura pontuar os principais aspectos de sua construção a partir da segunda metade do século XIX. O estudo envolve a análise de quatro produções gráficas. Os trabalhos apresentados são: A Coleção Recôncavo (1951); Das Visitações da Bahia (1974); O Mural dos Orixás(1979); e Os Deuses Africanos no Candomblé da Bahia (1993). Inicialmente, por meio das três produções analisadas no primeiro capítulo, apresentamos o tema da pesquisa, tendo em vista a ressignificação religiosa. Com base na quarta produção, o segundo capítulo analisa a estética afro-brasileira e tem como principal teórico Mariano Carneiro da Cunha. O debate sobre a formação do candomblé Queto na Bahia amplia-se no terceiro capítulo e possibilita uma interlocução com a fotografia, literatura e música, destacando: Pierre Fatumbi Verger, Jorge Amado e Dorival Caymmi. Em uma abordagem da história da arte afro-brasileira e utilizando uma perspectiva da antropologia estética, procuramos compreender a produção de Carybé inserida na formação identitária do Brasil.

Museu-Terreiro: o sagrado afro-brasileiro em um ambiente museológico

Bruna Amaro dos Santos

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2018

Palavras-chave: Arte afro-brasileira, sagrado afro-brasileiro, museologia, exposição, curadoria

Este trabalho tem como objetivo, a partir das reflexões teóricas sobre arte e antropologia, realizar uma análise interpretativa sobre a construção e representação do sagrado afro-brasileiro em um dos núcleos expositivos do Museu Afro Brasil. A análise do ato expositivo e a pesquisa iconográfica em um dos núcleos do acervo permanente da instituição será utilizada como ponto de partida para pensarmos na presença do sagrado nesse ambiente, tendo como aspecto central de estudo a forma como se constrói e se manifesta o trabalho expográfico que fica a cargo, principalmente, do atual diretor e artista plástico Emanoel Araujo. Refletir sobre os artistas, objetos e símbolos presentes no núcleo Religiosidades Afro-brasileiras a partir de sua expografia nos ajudará a pontuar questões relevantes quanto aos fenômenos estético e religioso presentes em uma das categorias da arte afro-brasileira, assim como sobre as interpretações que se fazem desse encontro no espaço museológico pelos públicos que o frequentam, um campo ainda de abordagens latentes.

Bispo e Adéagbo: da desconstrução da crítica à adição e fusão de pensamento em forma de arte

Carlos Antônio Alonso

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2016

Palavras-chave: Arte africana, Arte popular, Arthur Bispo do Rosário, Georges Adéagbo, Ready made

Esta pesquisa teve no debate teórico sobre ready made, pop art e arte conceitual, sua motivação inicial, surgida da crítica ao fechamento intelectual e estético presente nos cânones exigidos pelos currículos escolares no Brasil. As implicações destes conceitos são discutidas em paralelo à elaboração de uma visão crítica das classificações europeias e norte-americanas como matrizes adequadas para a compreensão da criação de artistas como Arthur Bispo do Rosário, Brasil (1919-1988) e de Georges Adéagbo, Benin (1942). De forma complementar, o percurso do pesquisador-artista participa do processo de compreensão e análise. O foco recaia de um lado no material e matéria dos objetos do cotidiano, utilizados na obra de Arthur Bispo do Rosário e nos itinerários das obras de Georges Adéagbo, artista autodidata que expõe suas ideias e narrativas em forma de objetos escultóricos, ocupações de espaços públicos. Eles têm ainda em comum, as metodologias e os processos que espelham conceitos próprios e arqueologias de saberes ligados às suas próprias culturas e sociedades, além de constante construção de suas identidades. Esses processos de pensamento envolvem a ação mental (conceituação ou projeto mental) e a execução das ideias que se reflete em seus trabalhos de arte. O interesse principal de ambos está na análise do cotidiano representado por objetos de origem endógena e exógena que são fundidos e geram aspectos diferentes à materialidade, à narrativa, à desconstrução do próprio objeto como fenômeno (logia) da metamorfose a ele impressa, retirado de seu espaço de significação original, resignificado e ambientado no espaço-ser da arte como pensamento a partir do objeto de Bispo e, na auto-arqueologia inversa de Adéagbo.

Abre a roda minha gente que o batuque é diferente: Tiririca, Capoeira e Samba em São Paulo, 1900-1970

Filipe Amado

Universidade de São Paulo

DISSERTAÇÕES

2019

Palavras-chave: Capoeira, Cultura Popular, Samba, São Paulo, Tiririca

Este trabalho procura refletir sobre práticas culturais negras presentes na cidade de São Paulo no início e meados do século XX, sua relação com as comunidades negras, com a sociedade e com os modelos de urbanidade existentes no período. Partimos de uma história da capoeira na cidade de São Paulo, que deita raízes no século XIX, e que se mostra presente de forma intensa nas primeiras décadas do século XX. A capoeira, junto com o samba, são culturas praticadas por indivíduos que se relacionam intensamente com a cidade e suas transformações, fazendo parte das interações urbanas e também sofrendo com uma política de segregação e repressão. É a partir das dinâmicas urbanas do século XX e dos contados e aproximações entre o samba e a capoeira que se forma a tiririca, uma manifestação negra paulista, que representa uma transformação sofrida pela capoeira, adquirindo ludicidade e musicalidade através da batucada e versos do samba. A tiririca fez parte do cotidiano da cidade, sendo praticada em diversas regiões e se aproximando de instituições populares negras, como times de futebol de várzea e cordões carnavalescos.