NOVOS HORIZONTES NO MAM RIO: KEYNA ELEISON E PABLO LAFUENTE ASSUMEM DIREÇÃO ARTÍSTICA
por Projeto Afro
18 de agosto de 2020
O Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro anunciou nesta terça-feira, 18.08, os nomes de Keyna Eleison, curadora e pesquisadora carioca, e Pablo Lafuente, crítico de arte e curador espanhol, na direção artística da instituição. O anúncio é resultado de uma chamada internacional sul-americana, divulgada pelo museu em maio, que recebeu 103 candidaturas de 116 participantes para o cargo. As novidades no MAM Rio são seguidas de mudanças ocorridas na instituição desde janeiro de 2020, com a chegada de Fabio Szwarcwald para assumir a direção executiva, após um período de mais de dois anos na EAV Escola de Artes Visuais do Parque Lage, também no Rio.
A proposta da dupla Eleison e Lafuente à frente da direção artística é “focada na construção de uma visão plural e orgânica da arte, ecoando a diversidade do Rio e da sociedade brasileira”, segundo o site do MAM. Eleison também cita a importância de “estabelecer um diálogo prático e intelectual com saberes e visões de mundo, e ocupar espaços internos e externos de muitas formas”. A curadora completa: “estar na Direção Artística do MAM coloca na minha trajetória e na dimensão coletiva conquistas”. Além da gestão das coleções do museu e da curadoria de artes visuais, será de responsabilidade da diretoria conjunta, pelos próximos dois anos, as áreas de educação, cinema, acervo e conservação, documentação e pesquisa. Eles também estarão envolvidos com as ações do Bloco Escola e a parceria com a Residência Capacete.
Segundo o MAM, participaram do processo seletivo 66 mulheres e 50 homens. Na primeira fase, após avaliação dos currículos segundo os critérios de classificação, restaram 67 candidaturas válidas. Uma comissão interna selecionou 13 candidaturas para a segunda fase. Com apoio de um comitê técnico consultivo formado por alguns nomes das artes, entre eles o artista Ayrson Heráclito, a curadora Diane Lima e a coordenadora de educação do Instituto Moreira Salles de São Paulo, Renata Bittencourt, esta fase analisou as 13 candidaturas e apontou 5 finalistas, chegando aos nomes divulgados.
Recentemente, a curadora, pesquisadora e educadora Luciara Ribeiro compartilhou em suas redes sociais uma lista compilada com nomes de curadores/as negros/as e indígenas, parte de um mapeamento iniciado em setembro de 2019. Os dados da pesquisa, que serão publicados no site do Projeto Afro nos próximos dias, mostram um número pouco expressivo de curadores/as negros/as e indígenas atuantes em instituições culturais no Brasil. O anúncio de Keyna Eleison para ocupar um alto cargo no museu carioca aponta para indícios de mudanças, poucas mas efetivas, no setor cultural brasileiro.